Os estudos comparativos não são pensamento descolonizado: arte, cultura e produção de conhecimentos biogeográficos fronteiriços

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DOI:

https://doi.org/10.47133/NEMITYRA2021200A5

Palabras clave:

arte, cultura, pensamento descolonizado

Resumen

Os estudos sobre a produção artístico-cultural brasileira, quase sempre, desde a constituição das academias nacionais, têm sido impedidos por epistemologias que investigavam, a priori, as afinidades paternas do nacional em relação aos conceitos de Universal/Tradição. Desde os Estudos Culturais (britânicos/americanos/latino-americanos) às epistemologias importadas mais contemporâneas (desconstrução, etno-cartográfica, pós-colonial, por exemplo), a insistência analítica nas academias continua a dar prioridade a um exercício teórico-comparativo, na melhor das hipóteses, das produções nacionais, semelhante às obras artístico-culturais erigidas em solo europeu e/ou americano. Inicialmente, a semelhança aqui nada tem a ver com as discussões homéricas estabelecidas no Brasil entre os conceitos de fontes e influências (finais do século XX) em relação à nossa produção nacional. Da mesma forma, esta discussão não quer sequer tocar na afirmação e/ou negação de uma produção nacionalista. Quer dizer, tanto os nacionalistas como os nacionalistas, da perspectiva aqui considerada, ainda eram vistos pelas produções locais como restos de produções universais/tradicionais. Mas, é bom dizer, o reconhecimento de analogias em obras artísticas locais - categorizadas aqui como biogeográficas de fronteira através do pensamento descolonial - é ainda preponderante, se não permanente, bem como análises comparativas que reconhecem em nós, latino-americanos, vestígios de vestígios dessas produções erigidas no passado europeu e americano. Quero com isto dizer que embora as epistemes importadas acima mencionadas já alertassem os críticos desde o final do século passado que as obras artístico-culturais de lugares não europeus e/ou americanos não eram como essas, estes estudos de cultura (epistemes culturais) já reclamavam outras epistemologias para as produções locais. Neste sentido, esta proposta de trabalho surge da "comparação-argumentativa" entre uma investigação epistemológica descolonizada e estudos comparativos ainda muito presentes nas análises artísticas locais, para assinalar que os estudos comparativos não são pensamentos decoloniais, especialmente em relação a produções artísticas, culturas e conhecimentos de lugares que ocupam a exterioridade epistémica em relação a pensamentos epistémicos modernos e pós-modernos. A título de comparação, embora superficial, as obras/epistemas do Norte global escrevem textos através das suas semelhanças, enquanto as obras epistémicas do Sul são inscritas através da inscrição dos corpos das diferenças coloniais. Por conseguinte, estas discussões tentarão demonstrar que as produções artístico-culturais locais têm diferenças comparativas que emergem através das fronteiras biogeográficas como semelhanças.

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Publicado

2021-12-30

Cómo citar

Marcos Antônio Bessa-Oliveira. (2021). Os estudos comparativos não são pensamento descolonizado: arte, cultura e produção de conhecimentos biogeográficos fronteiriços. Ñemitỹrã, 3(2), 51–67. https://doi.org/10.47133/NEMITYRA2021200A5