Balbucios a partir da fronteira sul: corpos inconvenientes em entre-lugares/paisagens fronteiriças

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.47133/NEMITYRA2021200A3

Palabras clave:

corpo, crítica biográfica-fronteiriça, desobediência epistêmica

Resumen

Objetivando uma leitura crítico-biográfica fronteiriça acerca das possibilidades de pensamento - ou episteme - local, erigimos esta reflexão tendo em vista que o modelo hegemônico caracterizado pelo fazer científico e a razão moderna/colonial tentam invisibilizar, e desconsiderar, qualquer forma de pensar não pautada por essa razão científica, e pela visão histórica de mundo. Assim, tal condição ressalta, como uma ferida colonial (Anzaldúa, 2007), a permanência de formas de hierarquização do pensamento, ferida que permanece aberta nos corpos fronteiriços. A reflexão sobre tais oportuniza que busquemos um diálogo, contemplando a “transgressão como forma de expressão” (Santiago, 2019, p. 28), num posicionamento crítico e político que aponta a uma confluência com a desobediência epistêmica, debatida por Walter Mignolo, tomando essa transgressão como expressão que se erige a partir de corpos que acabam por se tornarem inconvenientes (Santiago, 2019). Nosso intento, à guisa das propostas teóricas elencadas, guia-se por um pensamento outro, como alternativa ao pensamento hegemônico, um pensar descolonial, não como simples superação do colonialismo, mas como uma opção estratégica, ao mesmo tempo epistemológica, social e política, visando transgredir padrões impostos, para assim pensar a questão dos corpos inconvenientes fronteiriços, bem como minha própria condição de corpo fronteiriço, que ousa pensar e escrever dessa/nessa fronteira-Sul. Evidenciamos, assim, a relevância de se tecer a leitura proposta, como uma epistemologia do Sul (Santos; Meneses, 2010), que por sua vez busca valorizar as sensibilidades, histórias e saberes locais, provenientes da fronteira-Sul (Bolívia, Brasil, Paraguai), afirmando sua condição bio-geográfica (Bessa-Oliveira, 2018), e ressaltando que essa se configura como meu bio-lócus. Essa proposta encontra-se pautada na crítica biográfica fronteiriça, por meio de uma discussão à luz das conceituações de Edgar Cézar Nolasco, Boaventura Santos e de Walter Mignolo em diálogo com autores arrolados a essa conversa: Ramon Grosfoguel (2010), Gloria Anzaldúa, (2007), Frantz Fanon (2008)

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

Anzaldúa, G. (2007). Borderlands/la frontera: the new mestiza. São Francisco: Aunt Lute Books.

Bessa-Oliveira, M. (2018). Poéticas de processos artísticos biogeográficos: modos outros de cartografar bio-sujeitos, geo-espaços, grafia-narrativas. In: CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS: Tendências Artísticas do Século XXI, v. 1 n. 19 (2018). Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/7729 Acesso em: Nov/2021

Cabrera, D. (2013). Xiru: el sentido deslocado. In: Revista SURES, n. 1. UNILA. Disponível em: https://revistas.unila.edu.br/sures/article/view/7 Acesso em: nov/2021

Emicida, L. (2019). Letra de Ismália. Album: Amarelo. Laboratorio Fantasma Producoes Ltda Me. Disponível em:https://www.musixmatch.com/pt-br/letras/Emicida-Larissa-Luz-Fernanda-Montenegro/Ism%C3%A1lia-Larissa-Luz-Fernanda-Montenegro Acesso em: dez/2021

Fanon, F. (2008) Pele negra, máscaras brancas. Tradução de Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA.

Ferraz, D.; Nolasco, E. (2021). Silviano Santiago e o discurso transgressor latino-americano: um olhar outro a partir da crítica biográfica-fronteiriça. In: Nolasco, Edgar C. (org.). O livro do NECC: o projeto de cada um. Campo Grande, Life Editora.

Grosfoguel, R. (2010). Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula. (org.). (2010) Epistemologias do sul. São Paulo: Cortez

Hooks, B. (2017). Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. Trad. Marcelo Brandão. São Paulo. Editora WMF Martins Fontes.

Lima, D. (2019). Portuguarañol: língua de conhecimento e tradução da fronteira, em Xirú de Damián Cabrera. In: RELACult – Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade, V. 05, ed. especial, artigo nº 1586. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/333806397 Acesso em: nov/20210

Mignolo, W. (2019). A colonialidade está longe de ter sido superada, logo, a decolonialidade deve prosseguir. In: MASP e a Afterall Arte e descolonização. Disponível em: https://masp.org.br/uploads/temp/temp-YC7DF1wWu9O9TNKezCD2.pdf Acesso: nov/2021

__________. (2003). Histórias locais/projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Tradução de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora UFMG.

__________. (2008). Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Disponível em: http://professor.ufop.br/sites/default/files/tatiana/files/desobediencia_epistemica_mignolo.pdf Acesso em: dez/2021

__________. (2017). Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v32n94/0102-6909-rbcsoc-3294022017.pdf Acesso: Dez/2021.

__________. (2017). Desafios decoloniais hoje. Disponível em: https://revistas.unila.edu.br/epistemologiasdosul/article/download/772/645 Acesso: nov/2021.

__________. (2005). La idea de América Latina. La herida colonial y la opción decolononial. Barcelona, Gedisa Editorial.

Nolasco, E. (2019). A ignorância da revolta. São Paulo: Intermeios,

_________. (2018). Descolonizando a pesquisa acadêmica: uma teorização sem disciplinas. In: CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS: Tendências Artísticas do Século XXI. Campo Grande – MS: Editora UFMS, v. 01, n. 19.

_________. (2014). Silviano Santiago e o lugar onde o sol se põe: entrelugares epistemológicos ao sul da fronteira-sul. In: CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS: Silviano Santiago: uma homenagem. v. 6, n. 11. Campo Grande: Editora UFMS.

_________. (2018). Descolonizando a pesquisa acadêmica. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/7725. Acesso em: Dez/2021

Quijano, A.; e Wallerstein, I. (1992). La americanidad como concepto, o América en el moderno sistema mundial. In: Revista Internacional de Ciencias Sociales. Vol. XLIV, núm. 4, Catalunya.

Rondon, G; Simões, P. (1982). Sonhos guaranis, canção do álbum: Doma. Artista: Almir Sater. Gravadora: Som Livre. Disponível em: https://www.musixmatch.com/pt-br/letras/Almir-Sater/Sonhos-guaranis Acesso em: dez/2021.

Silviano, S. (1994). Em liberdade: uma ficção de Silviano Santiago. 5ª edição. Rio de Janeiro, Rocco.

_________. (2019). O entre-lugar do discurso latino-americano. In: Uma literatura nos trópicos: edição ampliada. Recife: Cepe.

_________. (2021). Inconveniências do corpo como resistência política. Disponível em: <https://issuu.com/suplementopernambuco/docs/pe_165_web>. Acesso: agosto. 2021.

_________. (2002). Nas malhas da letra: ensaios. Rio de Janeiro, Rocco.

Santos, B. (2020). A Cruel Pedagogia do Vírus. Coimbra. Edições Almedina, S.A.

Santos, B.; Meneses, M. (2010). Epistemologias do sul. São Paulo: Cortez.

Descargas

Publicado

2021-12-30

Cómo citar

Dênis Angelo Ferraz, & Marta Francisco de Oliveira. (2021). Balbucios a partir da fronteira sul: corpos inconvenientes em entre-lugares/paisagens fronteiriças. Ñemitỹrã, 3(2), 35–44. https://doi.org/10.47133/NEMITYRA2021200A3